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domingo, 18 de dezembro de 2011

Informação

É bem fácil estar informado hoje em dia. Basta se conectar à internet, ligar a televisão, ler jornais, livros, assistir a filmes, teatro e telenovelas. Serve até mesmo a prática mais eficaz e antiga, às vezes esquecida, do diálogo. A informação está em todo lugar e é praticamente de graça. Fácil de obter. Nunca estivemos tão informados acerca do mundo como estamos agora. Vivemos cientes das mazelas humanas, da violência do tráfico, do PIB estagnado e do Estado corrupto. Também sabemos de tudo sobre o futebol brasileiro, o carnaval do Rio, o último ídolo da adolescência e como se vestir no verão. Brasil é tão democrático que tem informação para todo o povo. Quase dá para acreditar em “um país de todos”. 


Entretanto, mesmo com toda a magia da informação à velocidade da luz, sofremos a escassez de verdades. O volume de informação ao nosso alcance é tão grande que cobre totalmente qualquer tipo de noção do real. Impossível ter certeza se determinado ministro é mesmo corrupto ou se ele foi apenas vítima de um esquema político sórdido bem orquestrado com a mídia. Impossível acreditar cegamente na existência do divino quando as comprovações científicas ameaçam a prática da fé. É difícil também acreditar na ciência, já que seus antiquados métodos a impedem de invalidar a existência de Deus.


Muita informação nos deixa em constante estado de dúvida. Dentro de cada um coabitam diferentes interpretações que foram adquiridas no decorrer da vida. É difícil acreditar em versão única da história se você tem em mãos cinco versões para escolher. Não há a verdade como consenso, se em cada um de nós reina uma verdade particular.  Cada ser humano é um ponto de vista único fortalecido com todo o tipo de informação e conhecimento. O grande discurso dominante faleceu, mas perpetuou uma fauna interminável de pequenas ideologias que lutam pela conquista do imaginário. Classe social tornou-se um termo muito genérico. A, B, C, D, burgueses ou proletários estão ultrapassados. Prefiro chamar cada segmento de bando. E nosso mercado está cheio de bandos segmentados. Os incontáveis canais de comunicação falam cada vez mais para direcionadas fatias do público mundial. 


Eu, o ponto mínimo da sociedade, sou a favor de muitas coisas e contra outras tantas. Tenho um peculiar senso de moral, talvez bastante diferente de todos os outros à minha volta. Tendo a validar como verdade os frutos da razão, mas de alguma forma também atribuo valor ao que vem do lado emotivo. Sinto dó do animal que é agredido por um ser humano e desejo mesmo que a justiça prevaleça sobre o crime. Igual quando votamos contra um candidato do BBB por julgá-lo moralmente inadequado ao título de milionário do ano. Ou quando me pego sem saber o que opinar sobre um assunto, mas me identifico com algum pensamento padrão do momento. Somos nós exercendo a prática do julgamento. Só que o problema essencial persiste. Por que é tão fácil desejar uma sociedade igualitária, mas ainda muito difícil em reconhecer no outro os traços mais profundos de nossa semelhança?   

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